domingo, 10 de fevereiro de 2008

O que Deus fazia antes de Criar o mundo?



Dc. Carlos Rogério
Seminarista


"Onde estavas tu, quando eu fundava a terra? Faze-mo saber, se tens inteligencia." (Jó 38.4)




Desde os mais remotos tempos a atuação de Deus antes da criação do cósmos tem sido muito debatida no universo teológico/filosófico. Antes de existir o universo, juntamente com os seus componentes, seja estes físicos ou metafísicos, microscópico ou macroscópico, racional ou irracional, Deus já existia. É imprescindivel que enfatizemos que Deus é auto-existente. Mas naturalmente surge a pergunta: O que Deus fazia antes de tudo existir?


Independentemente do mundo existir ou não, Deus sempre foi um Ser possuidor de uma inefável inteligêcia, um Ser comunicador, amoroso e eterno. Mas, para Ele ser comunicador é preciso que exista um interlocutor, não é verdade? Também, para Ele ser amoroso é preciso existir alguém para Ele expressar amor, concordar? Portanto, com quem Deus se comunicava antes da criação do mundo?


Deus se relacionava Consigo próprio antes de tudo existir. Deus não criou o mundo juntamente com seus seres simplemente para ter com quem conversar ou se relacionar. Pois, o mesmo dialogava e se relacionava Consigo próprio. Deus sempre foi uma comunidade de três pessoas. Eis aqui um misterio sobre o Glorioso Deus. Deus é um, é singular e sem igual, porém, subexistente em três pessoas distintas: Pai, Filho e Espírito Santo. Não queremos dizer que existem três deuses, pelo amor de Deus, não é isso! Dizemos que Deus é uma unidade composta. mas o nosso objetivo nesta dissertação não é esgotar tudo sobre teologia sistemática.


Voltemos à nossa questão áurea. O que Deus fazia antes da existêcia do mundo? Antes de respondermos a supracitada indagação, é preciso saber o que o leitor entende sobre o sentido do verbo "fazer". Quando empregamos o verbo fazer, é preciso compreender qual o contexto que estamos tratando, pois etimologicamente fazer vem da palavra latina facere, que significa produzir física ou moralmente; construir ou edificar; produzir intelectualmente; proferir. Seja qual for o contexto que empreguemos o referido verbo, perceberemos que Deus sempre esteve em atividade. Antes de criar o mundo Deus fazia (v. facere) planos, arquitetava as suas leis físicas e morais, se gloriava da Sua própria essência, enfim, Deus sempre esteve ativo.


As atividades de Deus não se limitam ao cósmos (lat. Kósmos) ou ao mundo físico, pois o verbo facere não se refere somente à criação, mas, refere-se também à produção moral. Independente do mundo cósmico existir ou não, Deus sempre refletiu santidade, fidelidade, amor, graciosidade, enfim, antes de criar o mundo, a sua criação primordial fora a criação moral, que regeria a criação física, pois o cósmos é regido pelas leis morais do Grande Legislador do Universo.


O verbo facere refere-se também à produção intelectual. Deus desde a sua eternidade sempre possuiu inteligência (lat. intellectu). Antes de criar o mundo, Deus fazia planos, fazia as leis gravitacionais, traçava o princípio e o fim do próprio cósmos. Com isso, visualizamos a inefável e inquestionavel produção intelectual do Grande Deus. Antes de criar o mundo Deus arquitetava planos, fazia obra intelectuais. Se fossemos explorar este rico verbo, facere, seria preciso uma dissertação de no mínimo vinte páginas, mas com apenas a partícula do seu significado, comprovamos mais uma vez que antes de criar o mundo Deus já era produtor, ativo e intelectual.


Lamentamos muito por alguns colegas que tentam usar a questão em análise, O que Deus fazia antes de criar o mundo? , para implantar no universo acadêmico as suas teses e convicçôes ateístas, imorais e maliciosas, tentando provar a não existenciaa do maior Ser intelectual, moral e espiritual do Universo, Deus.


Portanto, sempre que alguém nos perguntar O que Deus fazia antes de Criar o mundo, responderemos que todasas atividades morais que Ele faz hoje, Ele já fazia antes do mundo ser criado. A indagção que tomamos como tema desta dissertação tem sido motivo de muitas polêmicas, pelo fato de existirem muitos que se acham "FILÓSOFOS", não obstante serem leigos no Latim e no Grego, pois se os mesmos as conhecessem, saberiam que o verbo facere não se limita à produção física, mas refere-se primariamente à produção moral e intelectual.


Concluímos, portanto, com a citação do Dr. Arthur W. Pink:


"Deus não estava sob coação, nem obrigação, nem necessidade alguma de criar. Resolver fazê-lo foi um ato puramente soberano de Sua parte, não produzido por nada alheio a Si. Deus não ganha nada, nem sequer com a nossa adoração. Ele não precisava dessa glória externa de Sua graça, procedente de Seus redimidos, porquanto é suficiente glorioso em Si mesmo sem ela. A importancia disto é que é impossivel submeter o Todo-poderoso a quaisquer obrigações para com a criatura, Deus nada ganha da nossa parte."(Pink, 2001).




Soli Deo Glória